sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Dia da Favela

Favela

O dia da Favela é comemorado no dia 04/11 desde 2006. A data foi escolhida porque em 4 de Novembro de 1900 o Estado, na pessoa de um delegado da 10ª circunscrição dialogou com chefe da polícia da época sobre uma favela, nesse caso o Morro Favella, hoje chamado de Providência, a primeira favela do Brasil. Nesta conversa eles trataram de como “limpar” aquelas áreas.
O Dia da Favela foi criado na mesma data deste acontecimento para transformar seu significado e destacar a luta pelo reconhecimento de direitos. Fonte (www.diadafavela.com.br)
Quanto à etimologia de favela, há duas hipóteses:
     Antônio Geraldo da Cunha, no Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, Rio, 1982, liga o termo a fava.
     José Pedro Machado, no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, Lisboa, Livros Horizonte, 4.ª ed., 1987, relaciona-o com favo.
     Compartilho a opinião de Cunha.
     Antenor Nascentes não consigna o termo em seu pioneiro Dicionário Etimológico, Rio, 1932, no qual trata apenas de substantivos comuns. Mas no tomo II, 1952 (nomes próprios), fornece preciosas informações no “Aditamento”. Transcrevo:
     “FAVELA. Morro da Bahia, em Canudos. De favela, diminutivo de fava, que deve ser um brasileirismo, pois os léxicos portugueses não dão. Favela é nome de um arbusto que Euclides da Cunha, Os Sertões, 41, aponta como sendo da família Leguminosae (a que pertence a fava). Morro do Distrito Federal, antigo da Providência. Tomou este nome depois da campanha de Canudos (1896-7). Veteranos da campanha pediram  permissão ao ministério da Guerra para construir casas para suas famílias no morro da Providência. Daí por diante, o morro, seja como recordação da campanha, seja por alguma semelhança de aspecto ou por estar sobranceiro à cidade, como o de Canudos, passou a chamar-se da Favela, nome que se tornou por assim dizer nacional”.
     Dois esclarecimentos ao texto de Nascentes:
     A citação de Os Sertões é a mesma que indico estar às páginas 37 e 38 da edição que uso.
     Distrito Federal é referência à cidade do Rio de Janeiro, capital do País até 1960.
     Na verdade, favela passou a termo de aplicação nacional, voltando a ser empregado como substantivo comum, com sentido nitidamente pejorativo:
“FAVELA, (...) // Conjunto de casebres toscos e miseráveis, geralmente em morros, onde habitam marginais (...).”  (Dicionário Caldas Aulete, Rio, Delta, Edição Brasileira, 1958.)
     O Lello Universal, Porto, s.d., em edição da década de 40, é mais radical:
     “FAVELA, s.f. Brasileirismo. Neologismo. Planta das caatingas. -  Morro habitado por gente baixa, arruaceira. Por analogia: lugar de má fama, sítio suspeito, freqüentado por desordeiros”.
O Novo Dicionário Aurélio, Rio, Nova Fronteira, 2.ª edição, 1986, ameniza sobremaneira a definição do termo, adaptando-a à realidade, que faz não só marginais habitarem favelas:
     “favela. (...) 1. Conjunto de habitações populares, toscamente construídas (por via de regra em morros) e desprovidas de recursos higiênicos”. (...)
     O Michaelis – Dicionário Prático da Língua Portuguesa -, São Paulo, Melhoramentos, 1987, segue a mesma linha:
     “ Favela, s.f.  Aglomeração de casebres ou choupanas toscamente construídas e desprovidas de condições higiênicas”.
O Novo Aurélio Século XXI, Rio, Nova Fronteira, 3.ª ed., 1999, adota a mesma redação do Aurélio de 1986 e dá como sinônimos morro (RJ) e caixa-de-fósforo (SP), além de registrar favelado como “habitante de favela”, assim como desfavelar (“acabar com favela existente em”), desfavelamento (“ato ou efeito de desfavelar”) e favelizar-se (“adquirir aspecto ou condição de favela”). Fonte: (http://www.casaeuclidiana.org.br/).